Poderosas e Girlies: Resenha de “Ele está de volta”

Nota: 

Quando eu vi essa sinopse, fiquei saltitante. Em meio a tantas coisas parecidas que beiram a repetição, tramas pouco inovadoras que apenas vão na onda de algo que hypou, estava Hitler. Não literalmente, óbvio, mas Hitler. Na Alemanha do século XXI. Na capital do país que hoje está comemorando as glórias da copa. Na Alemanha que tem educação, hospital, riqueza, taça, blablabla. Hitler. Ele está de volta.

Depois de comandar um dos maiores genocídios que a humanidade já viu, Hitler voltou a vida. Como? Ninguém tem ideia – nem ele. Na verdade, suas últimas lembranças envolvem um país destruído em cenário de guerra; não um lugar  bem estruturado, com prédios bonitos, carros modernos e, olhe só, turcos na rua! Alemanha está muito diferente das lembranças do antigo Chancelier (que não sabe que é antigo). E os alemães não são mais aqueles de 1945.

Tanto que os alemães não estão mais acostumados com a ideia de um ditador opressor que quer todas as raças que não são loiras e de olhos azuis, extinguidas. Os cidadãos de Berlim também já não estão mais acostumadas a levar a sério a figura de Hitler, já que o chancelier está morto e só restam os imitadores comediantes – com os quais Hitler é confundido. Ele vai parar na televisão, logo no youtube. Hitler é pauta de novo!

Primeira coisa: esse livro é uma comédia. CO.MÉ.DIA: sf (lat comoedia) 1 Drama jocoso e satírico. 2 pop Qualquer representação cênica ou de prestidigitação. 3 pop Teatro. 4 Dissimulação. 5 Hipocrisia. 6 Fato ridículo ou irrisório. A intenção desse livro não é dar uma aula de história – embora seja inteiramente construído acima de fatos notórios e personalidades presentes nos livros escolares. Ele está de volta é um livro feito para descontrair com base em uma história cheia de sofrimento. Se você for vir para cima de mim com “esse não é o tipo de caso que se pode fazer rir”, por favor, já peço que me poupe. Somos a geração da piada eterna e essa é só mais uma – porém mais pensada que um mero post de facebook.

Existe um certo carisma em Hitler. NÃO ESTOU DIZENDO QUE O CARA ERA UMA BOA PESSOA, calma coração, apenas comentei que ele tinha uma personalidade “charmosa”. Por favor, né, ele convenceu milhares de pessoas de suas ideias doentias, existe um certo mérito aí. Então quando o autor decide pegar esse lado carismático de sua personalidade e colocá-lo no século XXI, temos um personagem engraçado, meio irônico, idealista, que sabe como seduzir as pessoas e manipulá-las. A gente gosta disso num livro qualquer, é tão horrível gostar também quando tal pessoa supostamente existiu na vida real e foi cruel? Uma palavrinha: ficção. A piada morava e se estendia em toda a descrença de Hitler quanto a evolução do mundo, nos ideais que vivemos e que colocam no lixo tudo aquilo por qual ele matou inocentes. Hitler foi uma pessoa desumana, mas o Hitler dos dias atuais, CRIADO POR TIMUR VERMES, é apenas perdido. E hilário sendo assim.

Acredito que Ele está de volta possa ser alvo de polêmicas. Gente, escrevi essa resenha já pensando em como explicar que gostei do livro, gostei do personagem e achei a sacada do autor genial, sem que eu seja mal interpretada. Timur Vermes criou uma obra de ficção totalmente diferente do que estamos acostumados, e ousou demais em cada página. É engraçado, é diferente e repleto de boas tiradas. Uma estrela a menos só por não ter tantos diálogos quanto eu gostaria. Hitler interagindo com alemães que tem sobrenomes da Tríplice Entente: MELHOR COISA.
Beijinhos ♥

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